segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Foto: Webrun*

Com o afrouxamento gradativo do isolamento social, volta-se também, pouco a pouco, a rotina habitual de treinos e demais atividades físicas. Porém, levando em conta o grande período em que a maioria das pessoas ficaram inativas, o risco de lesão se tornam maiores, por isso se faz necessário um cuidado extra no retorno e é sobre isso que o Dr. João Hollanda fala no texto abaixo:

Em muitas cidades, as academias e aulas esportivas estão voltando e surgem uma nova preocupação médica, em relação às possíveis localizações de quem ficou muito tempo parado: as fratura por estresse ou a lesão do Ligamento Cruzado Anterior, conhecido com LCA. Retomar a prática esportiva de uma hora para outra, sem recondicionar o corpo para isso, pode ser um desastre. Estudos com atletas após férias demonstram que um mês parado pode levar a até 30% de perda de força muscular. Estamos agora com cerca de seis meses de reclusão e com um nível de sedentarismo ainda maior do que os atletas costumam passar em suas férias.

Especialista em joelho e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, o Dr. João Hollanda explica que a rotula completa do ligamento cruzado superior ou como lesões musculares costumam aumentar quando o atleta vem de um período de destreinamento. “As fraturas por estresse também estão associadas a um aumento de arrependimento na prática esportiva. Atletas recreativos e amadores tendem a ter uma 'reserva' física mais limitada e condições piores para se exercitar durante uma pandemia, ou que obrigatoriamente um risco ainda maior ”.

Independentemente da modalidade esportiva, é inerente do esporte a realização de movimentos repetitivos, nos quais algumas musculaturas são muito estimuladas e outras não. “Quando isso não é abordado por meio da preparação física, é comum que os atletas desenvolvam desequilíbrios ou fraquezas musculares, o que contribui para a ocorrência de ocorrências”, explica o especialista em joelho.
Assim, pedimos para o Dr. João Hollanda citar alguns cuidados a serem tomados para quem está considerando uma retomada das atividades físicas: 

  • Retorne progressivamente. Como regra geral, uma sugestão é retornar com 50% da carga de treino de antes da pandemia e, com tudo correndo bem, aumentar não mais do que 10% da carga por semana. Uma avaliação individualizada ajudaria em uma orientação mais precisa;
  • Comece por atividades de fortalecimento, em seguida, inclua como corridas contínuas, depois dos treinos de velocidade, treinos com contato físico e mudanças de direção para, por fim, retornar para esportes como o futebol; O rompimento do ligamento cruzado anterior é a lesão cirúrgica mais comum em jogadores de futebol e em atletas de outras modalidades que envolvem mudanças ocorridas de direção, acelerações, desacelerações e contato físico, como o basquete, o handebol e os esportes de luta.
  • Escute o seu corpo: o ideal, no início, é ser mais conservador. Se estiver se sentindo muito cansado, diminua o ritmo e, se isso não for o suficiente, obtenha ajuda especializada;
  • A realização de exercícios preventivos é fundamental para qualquer atleta com esportes de risco para a lesão do Ligamento Cruzado Anterior. Estes programas devem ser idealmente individualizados para cada atleta, de acordo com as informações da avaliação pré-participação e dos exames como a dinamometria manual ou isocinética e levando em consideração a especificação específica do indivíduo. Atletas amadores e recreativos podem se beneficiar do mesmo tipo de avaliação em médicos especializados no tratamento de atletas.

Lembrando que a fraqueza muscular e outras deficiências relacionadas ao movimento são comuns a maior parte dos pacientes com dor crônica, como hérnia de disco, condromalácia, artrose, tendinite ou bursite. Se, por um lado, a dor leva a uma deficiência muscular, a deficiência muscular faz com que a dor piore ainda mais. Por isso, a atividade física é indicada para qualquer pessoa em qualquer idade, porém sempre com acompanhando de especialistas.


Dr. João Hollanda

O Dr. João Hollanda é médico ortopedista especialista em joelho e esporte e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino.
 
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Referências: