A vida corrida e a corrida na vida



Vivemos em um mundo atribulado, onde a vida por si só já é corrida, sem trocadilhos. Acordamos cedo, enfrentamos trânsito ou conduções lotadas, pegamos no batente cerca de 8 horas por dia, passamos minutos ou até mesmo horas preciosas em filas, seja de banco, supermercado, restaurante, etc., e o “pior de tudo isso”, é que para muitos, isso é apenas o começo do dia, afinal, em casa são outras obrigações, outras responsabilidades e mais correria. Apesar disso, no meio de todo esse caos, ainda encontramos um tempinho para enfim relaxar, que para algumas pessoas, em outras palavras, significa correr. Por mais irônico que seja, é na corrida que muitas vezes descansamos, encontramos paz e sossego, colocamos a cabeça em ordem, enquanto as pernas correm, a cabeça lentamente se esvazia, os músculos cansam, os nervos relaxam, a ansiedade e o estresse dão lugares aos sonhos e tranquilidade.

Corremos por prazer, seja pelo prazer de ser mais rápido ou de ir mais longe ou seja apenas pelo prazer de cruzar a linha de chegada. Aos poucos, a corrida entra na nossa vida e passa a fazer parte de nós, sem ao menos darmos conta disso e geralmente nos damos conta quando por alguma lesão ou compromissos do dia a dia, somos “forçados” a ficar um tempo sem correr, esses dias parados são os mais tediosos possíveis e passamos a fazer contagem regressiva para a volta.

Passamos a viver corrida, respirar e transpirar corrida, maioria das vezes intuitivamente. Passamos o dia pensando na hora do treino, a semana planejando a retirada do kit ou a chegada na prova e nas horas de descanso, meio que sem querer, estamos pesquisando quando será a próxima corrida, mais da metade do nosso guarda-roupa é de camisetas de corrida, parte dos nossos quadros são porta medalhas e demais lembranças de cada árdua batalha enfrentada no asfalto, trilha, praia, etc.

Antes de começar a correr sempre achávamos os corredores loucos, por correrem nos horários e climas mais improváveis, com o tempo confirmamos que são loucos, mas agora fazemos parte deles e entendemos o porque dos treinos durante as madrugadas, no meio tarde ou no meio da chuva. Com o tempo não corremos mais de acordo aos nossos compromissos, mas fazemos nossos compromissos de acordo à corrida. Apesar disso tudo, não deixamos de ter vida social, de sair, ir em festas, confraternizar com os amigos seja pelas vitórias da vida ou da corrida, bem, pelo menos a maioria de nós.

Todo corredor sabe que a corrida é viciante e talvez, só talvez, eu já esteja em um caminho sem volta, mas afinal, quem disse que eu queria voltar? Quero continuar aqui respirando motivação e transpirando endorfina, aumentando o número de amigos corredores, como aumento a quantidade de quilômetros na bagagem, sem pressa para chegar, sem um ponto final, mas com várias linhas de chegada.

Thiago Lima

2 comentários:

  1. Falou tudo Thiago! Nada tão ruim quanto uma lesão e nada tão bom quanto cruzar a linha de chegada após dar o máximo.

    Interessante é que após uns minutos do fim da prova vem aquela sensação que daria pra forçar um pouco mais :)

    Parabéns pelo texto!

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    1. Obrigado Serjão. Ainda bem que não é só eu que fico com essa sensação em muitas das corridas rsrs, dá um arrependimento de não ter apertado mais, rsrs.

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